Edifício Joelma: Além das 13 Almas...
- Thais Riotto
- 27 de jan. de 2021
- 8 min de leitura
Atualizado: 5 de jul. de 2021
Localização: Vale do Anhangabaú, São Paulo/Brasil.
As tristes histórias que rasgam o tempo. Há muito estou para escrever sobre as almas que partiram sem saber que haviam morrido, no histórico edifício Joelma, na cidade de São Paulo. Aliás o edifício leva esse nome, pois foi erguido pela construtora Joelma S/A, mas sempre achei que faltavam detalhes além dessa época, então continuei pesquisando até que aos poucos, como se me fosse permitido eu encontrasse fragmentos antigos.
Um texto, para tentar por outros olhos ver três histórias diferentes que marcam o local através do tempo. Não sei se conseguirei retratar nesse texto tudo o que sinto ser soprado durante as leituras das matérias, textos e imagens que encontrei. Uso o termo "soprado”, para explicar o fato de estar procurando outros textos quando de repente os detalhes dessas tristes histórias forem aparecendo, e aos poucos as matérias de outras pessoas que ligavam uma história na outra usando sempre o mesmo termo “ lugar amaldiçoado ou assombrado”.
Não gosto dos termos, acredito que exista a presença de espíritos, mas como podemos ser tão indelicados ao chamar um espirito de amaldiçoado quando o mesmo sofreu tanto, que o levou a morte?
Existe pessoas ruins, ainda é um fato desconhecido pela ciência, explicar porque alguns nascem “bons” e outros “ruins”, muitas vezes o “ruim” se esconde em situações que a pessoa viveu – contudo novamente estamos em um clico, para alguém ter vivido algum ruim na infância significa que antes dele existiu outra pessoa ruim. Ou seja, um ciclo infinito que nunca se chega a lugar nenhum.
Muitos “usam” os espíritos para dizer que tal pessoa é ruim, ou seja, estaria influenciada por um “fantasma” e por isso faz ou fez tal atrocidade. Mas um fantasma também já foi um ser humano com vida, e novamente estamos no mesmo ciclo sem fim de possibilidades, por isso sempre fujo dessa visão em meus textos, até porque não sou cientista, não tenho base para esclarecer tais situações. Sou uma escritora guiada por “seres especiais” que trabalham no campo da arte e da magia.
Uma vez uma pessoa me perguntou se faço psicografia e devido a isso tenho facilidade para escrever universos surrealista e texto que encantam quando falo no sobrenatural. Apesar de ficar honrada com os elogios, não me considero fazendo psicografia, por isso de forma carinhosa os chamo de “seres especiais”, são, acredito eu dentro de minhas crenças, espíritos que como eu gostam de escrever e se identificam com arte e magia (ou talvez eu me identifique com eles). (risos) e me permitem entrar em “universos” e “histórias” das quais todos “nós” somos apaixonados.
Mas voltando ao local, existem histórias muito mais antigas. Muito antes de ser construída a casa, onde morou o professor Paulo Ferreira de Camargo (outra triste história que abriga o mesmo local). Essa região antigamente era o local onde escravos indisciplinados (ou seja, seres humanos que eram obrigados a trabalhar forçados e muitas vezes sem ter o que comer ou beber) eram torturados até a morte.
Aqui é onde começa o convite a vocês leitores a ver a mesma história por outros olhos, pelos olhos dos que a grande maioria chama de espíritos amaldiçoados.
Como podem carregar esse nome, tão pesado se suas próprias histórias em vida foram de dor e sofrimento? Estamos numa época onde o conhecimento era restrito. Como fazer esses espíritos entenderem que lutar pela vida era sinal de morte. Como faze-los entender que o tempo passou, apesar de muitas ao longo dos anos entenderem que seu corpo físico não existe mais, mas sim o que chamamos de corpo celeste, que os tempos são outros?
E aos que entendem, pois não duvido que muitos conseguiram entre a dor e os sofrimentos aprender a ver as mudanças, eles ainda veem o local como dor, quem somos nós para dizer que entendemos todos os sinais, todas as linguagens, todas as formas de comunicação.
Quando mesmo entre nós, nessa era moderna, não conseguimos muitas vezes expressar ao amigo, ao chefe, a família o que realmente queremos dizer. Quantos casamentos, amizades não se acabam por falta de comunicação? Então como podemos dizer que esses espíritos ao ouvirmos sons, barulhos estão querendo nos assustar. Quem sabe não são as únicas formas de falar que eles conhecem?
Voltando a época da escravidão, ali muitos seres humanos perderam a vida e ficaram sim a vagar pelo tempo até entenderem (aos que conseguiram) que havia falecido, e sua única culpa era lutar pela vida, por uma vida ser dor, sem sofrimento.
O tempo passou e muitos foram sacrificados até o fim da escravidão, fico pensando quantas “almas” sofreram ao entender a sua morte e ao ver a morte de outros e nada poder fazer? Com o passar dos anos o local recebe a construção de uma casa, onde veio morar o professor Paulo Ferreira de Camargo (aqui é um dos fragmentos que ainda me falta compreensão, uma pessoa matar três por amor?
Não ainda existe algo oculto nessa história que não consegui encontrar, ou ter a compreensão de saber ouvir os “sopros”), a matéria é repetida por muitos sites, por muitas pessoas. que dizem que o professor matou a mãe e duas irmãs por elas não aceitarem o seu casamento com uma enfermeira que já não era virgem – data-se que era uma época onde as leis, da sociedade não permitia tal casamento, e ao ser descoberto pela polícia se matou. Os corpos tinham sido jogados em um poço recente que o mesmo havia pedido para construir no fundo de sua casa.
O próprio professor que dizem ter se matado, saberia ele a compreensão de tudo que havia acontecido? Ou será que a tragédia dessa família aconteceu de outra forma e o mesmo tentou salvar quem assassinou sua família e se matando o protegeu?
Sempre vai existir muitas saídas de uma mesma história, ao menos enquanto não conseguirmos entender a forma de comunicação daqueles que vivem tão perto de nós e ao mesmo tempo tão distante.
Mas dentre o que conseguimos entender mais 04 pessoas perdem a vida sem saber o porquê. Como dizer a esses espíritos sem conhecimento do plano astral que podem seguir viagem, que ali não é mais sua casa. E mais uma vez temos um pulo na história...
A casa é demolida e comprada pela construtora Joelma S/A que passa a dar nome ao Edifício Joelma, na cidade de São Paulo, o ponto turístico que passa a ser conhecido devido á mais uma tragédia.


Em 1º de Fevereiro de 1974 pegou fogo. Mais uma vez não sabe o motivo ao certo que levou ao incêndio, matérias falam de aparições fantasmagóricas, que esses fantasmas teriam sido o motivo do incêndio. Será? Ou será que apenas foi um curto circuito mal resolvido? Apesar do prédio ter sido construído com todo o cuidado, e materiais inovadores para a época, nada impede de algo tão simples ter causado o incêndio.
Partindo do ponto que o local possui histórias “macabras” de milhares de morte, eu sinceramente não gosto do temo. Sim o local é habitado por espíritos que perderam suas vidas entre dor e sofrimento e que podem sim, vagar no local, por falta de compreensão ou até terem alcançado a compreensão de sua morte, mas ali ainda se sentirem seguros, ou simplesmente tentarem avisar que o local é ruim, dentro de suas próprias histórias.
Talvez para eles o local seja macabro por terem levado a cada um em seu tempo sofrimento, dor e tentarem evitar que outras pessoas morressem como eles. Não seria esses sinais de comunicação que se ouviu durante tanto tempo? De ajuda, de socorro, de cuidado.
Novamente o fogo tira a vida de pessoas que trabalham no local, e dentre as vítimas algumas com conhecimento junto com o médium Chico Xavier retratam seus últimos momentos, conseguem enfim falar da dor, do medo, do que seus corpos sentiram, conseguem se expressar de como sua alma, seu espirito está.
Quantos não tentaram fazer o mesmo dentro do pouco que conheciam. Mas entre os mortos 13 pessoas falecem carbonizadas, além da forma de dor e dos últimos momentos que passaram, a dor atravessa a vida e são enterrados sem reconhecimento. Como contar quem são? Como conseguir avisar a família? Como falar em sons e voz que estão ali, presos, sozinho, com dor e tentando entender o porquê de uma morte tão brutal.
São Paulo faz uma singela homenagem as 13 almas, construindo uma capela, as pessoas visitam deixando água (segundo as matérias seria para aliviar a dor das queimaduras). A os que dizem que essas 13 almas realizam ato de bondade e recebem flores e cartazes em agradecimentos.
Não duvido que seja verdade, mas não acho que seja somente as 13 almas do ano de 74. Sim eles foram “recolhidos” por todos em um ato de carinho, já que não havia forma de reconhecimento, as pessoas levam flores, presentes uma forma de aconchegar os que partiram sem poder se expressar.
Mas e todas as outras almas que morreram na dor, também sem compressão? Quantos não foram os escravos – homens e mulheres que morram esquecidos? A dor de uma família inteira que atravessa a vida e a morte onde somente eles sabem a verdade do que aconteceu?
Não são apenas 13 almas, são muitas. Não importa como morreram, se conseguiam se identificar e/ou aceitar a passagem da vida para a morte, ou se ainda através de sinais, sons, barulhos tentam continuamente fazer contato. Conversar, contar suas histórias. Estariam elas ainda ali sobre o mesmo ponto, ou aqueles que mesmo na dor conseguiram seguir em frente estariam reencarnados (para aqueles que acreditam) O mais curioso é ouvir que algumas pessoas não creem em espíritos, mas creem em fantasma e lugares “mal-assombrado”.
A energia de um local que atravessa o tempo e a própria história e traz consigo a eterna tentativa de se fazer ouvir, de contar suas próprias histórias, do que viram, do que ouviram, de como aconteceu a passagem. Eu acredito que muitas histórias sem soluções, são pelo simples fato de não conseguirmos compreender essa “linguagem de comunicação”.
Afinal o que para muitos são barulhos, sons assustadores – para os espíritos são vozes, palavras, símbolos sonoros de comunicação.
OBS: Acredito também que exista espíritos, digamos de “ má índole”, afinal não é porque morremos que simplesmente mudamos quem somos, alguns conseguem a evolução da melhora outros por dificuldade ou falta de conhecimento, ou até por não querer continuam “pessoas zombeteiras” que possuem a habilidade de não serem vistas pois já não estão mais no campo físico e aproveitam dessa nova situação (risos).
E apesar dessa “condição” que vivem ainda fico me perguntando se tudo que sentimos “como maligno” ou “ruim” é realmente verdade. Ou se não seriam espíritos tão antigos, numa época onde o conhecimento era tão raro e por muitas vezes escassos que o medo da própria morte os levou a ver “ a vida pós morte” desse jeito. Pois o medo que habita nas pessoas (encarnadas ou desencarnadas) podem ter forma assustadoras e como conhecemos passamos a frente o que vivemos, o que vimos e o que a vida em seu dia a dia nos ensinou.
Seriam mesmo “espíritos malignos” ou seriam apenas seres tristes quem ainda buscam se comunicar e destrancar a porta para serem livres dentro de seus próprios medos?
Não acredito que o local do Edifício Joelma seja amaldiçoado, mas sim um lugar onde a vida se desfez durante toda a histórias de forma triste e trágica, e que as comunicações entre os “mundos” são tão diferentes que não conseguimos nos entender.
E assim muitas almas ficam à deriva, sem saber para onde ir e como seguir em frente.
Fotos: Internet & Thais Riotto

(Foto by Thais Riotto)



(Foto by Thais Riotto)




(Foto Thais Riotto)

Me desculpem, mas na época o Joelma não foi construído com todo o cuidado; ele foi construído com o descuido ou descaso da época, isso sim.
Pois na época, nenhuma luz de emergência , postada em alarmes de incêndio , sistemas de sprinklers contra incêndio ou saídas de emergência foram instaladas no prédio. Havia apenas elevadores e uma escada comum, ambos percorrendo toda a altura do prédio. Um aparelho de ar condicionado no décimo segundo andar, que iniciou o incêndio, precisava de um tipo especial de disjuntor , que não estava disponível no momento da instalação. Para utilizar esta unidade, ela foi instalada contornando o painel de controle elétrico do décimo segundo andar.
Aí sobreveio tal tragédia ou catástrofe.
Triste evento, quantas pessoas perderam entes queridos e amigos. Gostei muito do seu texto, escrito com todo respeito aos que faleceram no local. Parabéns.